Lagarta do pinheiro

A lagarta do pinheiro (thaumetophoea pityocampa) é um inseto desfolhador de árvores resinosas, que afeta maioritariamente pinheiros e cedros em Portugal, ainda que também se possa encontrar em abetos. Está disseminada por vários países da Europa, bem como pelo Norte de África e é também vulgarmente conhecida como “lagarta processionária”, uma vez que, quando as lagartas descem das árvores para se enterrarem no solo, formam uma fila que pode atingir vários metros de comprimento.

Reprodução

A altura de reprodução é durante o Verão, a partir de Julho e as larvas desenvolvem os ninhos mais tarde, no período de Inverno, a partir de Novembro. No entanto, nas zonas litorais de Coimbra e Leiria, representam uma população endémica que desenvolve os seus ninhos no período de verão, a partir de Junho.

O ninho é construído na copa das árvores, dentro do qual se protegem das temperaturas mais baixas e das efemérides do inverno. A olho nu, estes ninhos são facilmente identificáveis, graças ao seu aspeto de novelo de seda emaranhado.

Mantêm-se no ninho até à altura em que as temperaturas começam a subir. Dependendo do país e da zona, esta época pode variar entre Janeiro a Abril. Nestes meses, descem do ninho até ao solo, onde se enterram para continuar o seu ciclo de desenvolvimento. E, ao fazerem esta migração, fazem-no em fila indiana. Centenas de lagartas que descem, numa formação que se assemelha a uma procissão. Para além do nome “processionária”, que advém deste aspeto em particular, há locais onde estas lagartas são conhecidas como “quaresmas”, dado que esta migração é, também, associada à época da quaresma.

Contudo, devido às alterações climáticas dos últimos anos, este fenómeno tem vindo a variar no tempo, bem como o número de lagartas do pinheiro tem vindo a crescer. O aumento da temperatura global e as consequentes transformações ambientais, geram um ambiente mais propício à proliferação deste inseto.

Em Portugal

Tendo ainda em conta que, em Portugal, o pinheiro é uma árvore bastante disseminada, a Thaumetophoea Pityocampa é considerada uma praga que afeta a saúde pública em grande medida, tanto no que diz respeito às as árvores, como às pessoas ou animais. Para além do pinheiro bravo (Pinus Pinaster), ataca também outras espécies, como por exemplo o silvestre (Pinus sylvestris), o laríceo (Pinus nigra), o manso (Pinis Pinea) ou o insigne (Pinus Radiata). Esta descida das copas das árvores é a fase que antecede a chamada “fase de pupa”, quando as larvas descem até ao solo, onde permanecem enterradas a partir da fase de pré-pupação.

E é precisamente nesta altura que se torna mais perigosa, quer para humanos, quer para animais, em especial para os cães.

Características

Além disto, muitos dos animais acabam por inalar os pelos da lagarta do pinheiro, acidentalmente, enquanto farejam ou investigam o ambiente ao seu redor. Alguns deles, como cães e gatos, podem sentir-se atraídos pelo odor da lagarta ou até mesmo tentar capturá-la e acabar por inalá-los, inadvertidamente. E a substância tóxica presente nestes pelos, que é extremamente irritante para o sistema respiratório, leva aos diversos quadros clínicos referidos.

Ainda, por serem muito pequenos e leves, são facilmente transportáveis pelo ar. Podem ser levados por longas distâncias, dependendo da força e direção do vento. A distância que podem voar depende de vários outros fatores para além da força do vento, como a densidade dos pelos e a percentagem da humidade presente no ar. Geralmente podem voar por vários metros mas, em condições favoráveis, podem atingir distâncias maiores. Em dias de vento forte e seco, podem ser levados a percorrer desde dezenas de metros até alguns quilómetros!