Quantas vezes olhou para um Bulldog francês ou para um Boston Terrier e achou o seu focinho extremamente adorável? Sim, todos já vivemos esse momento. Mas o que para nós pode ser uma característica encantadora para as raças de cães braquicefálicos é sinónimo de problemas de saúde. Pelo seu temperamento afável e aspeto patusco, os cães de raças braquicefálicas, têm conquistado tutores pelo país inteiro. Nesse sentido, a criação destes patudos tem crescido nos últimos anos. Estes dóceis animais de companhia adaptam-se facilmente à rotina e ao espaço dos seus tutores. No entanto, exigem cuidados específicos, uma vez que pela sua morfologia têm maior predisposição a desenvolver determinados problemas de saúde. Descubra o que é braquicefalia, que patologias pode oferecer e que cuidados devem ter os tutores para que o seu patudo seja saudável e feliz!
Os cães braquicefálicos são animais de companhia que apresentam crânios achatados e focinhos curtos. São populares pela sua aparência fofa e brincalhona, contudo, esta fisionomia apenas foi possível devido a cruzamentos artificiais. O objetivo era criar um animal de companhia com um maxilar proporcional ao tamanho do corpo. Assim, foi necessário encurtar o maxilar superior e manter o tamanho do maxilar inferior. Todas estas alterações físicas trouxeram impactos no estilo de vida dos patudos.
Para algumas raças estas transformações significaram o desenvolvimento de problemas de saúde, tanto a nível respiratório como de outros órgãos fundamentais. Como estas espécies não suam, as trocas de calor são exclusivamente realizadas pelo focinho e pela boca. Contudo, estes amiguinhos de quatro patas não conseguem inspirar e expirar como os restantes cães, o que leva a que em ambientes muito quentes possam facilmente ter crises de hipertermia. Deste modo, caso pretenda tornar-se tutor de um destes bichinhos deve ter em conta que necessitam de ambientes mais frescos ou passeios e caminhadas de curta duração. Embora as características destes patudos possam ser adoráveis, causam imensos problemas de saúde, que devem ser controlados e prevenidos para garantir o bem-estar dos cães braquicefálicos.
Devido aos diversos processos de cruzamento, aos quais os cães braquicefálicos foram sujeitos, o desenvolvimento de doenças aumentou drasticamente. O resultado desta seleção artificial levou a transformações físicas que tiveram um impacto profundo na vida destes companheiros de quatro patas. A escolha física imposta a estas raças, potencializou diversos problemas de saúde, com vários níveis de gravidade e complexidade.
Cães braquicefálicos podem sofrer recorrentemente de dermatites crónicas devido à sua morfologia, ou seja, o “achatamento” dos ossos forma algumas pregas de excesso de pele, zonas onde a humidade e o calor promovem o crescimento de bactérias e fungos.
A demasiada exposição ocular, devido à morfologia destes adoráveis bichinhos, compromete a normal lubrificação do olho, tornando-o mais seco e com maior propensão para a formação de úlceras. Em casos mais graves, as pálpebras destes patudos são incapazes de fechar, piorando abruptamente o quadro clínico.
Com o “achatamento” dos ossos, alguns tecidos moles não acompanham o recuo do tecido ósseo o que provoca alterações significativas na respiração, impedindo, muitas vezes, o animal de companhia de respirar normalmente, originando a Síndrome Respiratória Braquicefálica.
Também conhecida como Síndrome de Obstrução das Vias Aéreas Superiores, esta condição caracteriza-se por um conjunto de deficiências anatómicas e funcionais, que impedem o normal funcionamento do sistema respiratório. Existem algumas alterações morfológicas que contribuem para o desenvolvimento deste distúrbio. Destacam-se assim, a estenose das narinas, referente ao estreitamento das narinas, para forma de fendas, em vez de circulares e abertas. O alongamento do palato mole, o tecido que constitui o céu da boca, prolonga-se até à garganta, obstruindo o fluxo de ar e originando sons incomuns. E por fim, hipoplasia traqueal, referente ao estreitamento da traqueia. Contudo, nem todas as raças de patudos braquicefálicos são afetados por esta síndrome, sendo variável a sua gravidade e impacto de animal para animal. Desta forma, os sintomas mais comuns associados a esta condição são a dificuldade em respirar, respiração ruidosa, intolerância ao exercício, tosse, engasgamento, espirro reverso e deglutição do ar.
Apesar deste distúrbio estar presente desde o nascimento do patudo, é frequente, que os tutores, apenas procurem ajuda mais tarde, quando os sintomas e estado de saúde agravam. Porém, os cães braquicefálicos devem e podem ser ajudados desde filhotes! Um diagnóstico e intervenção precoce são a chave para aumentar a sua qualidade de vida. É possível realizar uma cirurgia corretiva, de forma a aumentar o conforto e alívio de sintomas, bem como evitar uma morte prematura. Normalmente, os procedimentos mais efetuados são a retificação das narinas estenóticas e o prolongamento do palato mole. Estas intervenções acarretam riscos como qualquer cirurgia, contudo são altamente aconselhadas para a melhoria da saúde geral dos animais de companhia.
Para que o seu amigo de quatro patas mantenha a melhor qualidade de vida possível deve seguir todas as indicações oferecidas pelo médico veterinário. Além disso, pode ter em atenção algumas situações como, o controlo do peso do seu patudo, uma dieta equilibrada e saudável, evitar ambientes quentes, uma vez que estes cães têm dificuldade em regular a sua temperatura corporal. Pode ainda, limpar regularmente as pregas de pele, evitando a acumulação de sujidade, garantir uma boa higiene oral e preparar deslocações com antecedência, assegurando que existem condições de ventilação durante a viagem.
Os cães braquicefálicos podem ter uma vida feliz e saudável, mas com muitos cuidados e mimos. A sua condição trará alguns obstáculos ao quotidiano, por isso tente sempre acompanhar o seu patudo e compreender as suas limitações. Acreditamos que o verdadeiro amor supera todos os obstáculos, assim independentemente dos anos que estiverem juntos ofereça-lhe o melhor presente: a sua presença incondicional!